quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Uma pequena análise da realidade da educação brasileira sob a ótica de uma professora da escola pública de ensino fundamental


              Eu e muitos outros colegas professores, convivemos e presenciamos dia a dia a morte da educação no nosso país. Projetos federais que são jogados nas escolas as quais não tem estrutura fisica para mantê-los  
Eu cuido dos encaminhamentos psicológicos e psicopedagógicos para as crianças da escola onde trabalho. São muitas crianças à espera de atendimento. A fundação de educação especial que dispõe destes profissionais não os possuem em número suficiente para a demanda. Contamos assim, em grande parte com trabalhos voluntários destes profissionais, que também são poucos sendo oferecidos gratuitamente.
As salas de aulas são superlotadas, e não é só em Santa Catarina não. Isso dificulta o trabalho do professor que lida com a sala cheia, e como todos os problemas psicológicos e sociais das crianças. Aí eles vem falar que precisam capacitar os professores? Todos os professores na minha escola são pós graduados, e de que adianta diante de uma estrutura que não funciona? Isso teria que ser resolvido até mesmo antes do salário. Não estou dizendo que não é importante o professor continuar estudando, pelo contrário, todos precisam se alimentar de conhecimento constantemente, ainda mais o educador. No entanto, essa política de descaso com a educação, desestimula o educador. 
Sou filha de escola pública, de uma época em que as salas não eram tão cheias. Os professores trabalhavam mais felizes, o salário não era muito diferente e eles até eram menos capacitados. Mas parece que eu aprendi mais naquela época do que se aprende agora. Acredito e confio no trabalho e no comprometimento de meus colegas educadores. Mas não confio nas políticas públicas voltadas a educação básica que estão matando e  tratando com desrespeito o educador e a educação desse país. A estrutura social mudou. Hoje a maioria dos escolares vivem em situação de vulnerabilidade social.
A maioria destas famílias rala muito pra pagar suas contas como também muitos colegas professores que trabalham até 60 horas, para poder dar uma vida digna pra sua família, ter um certo conforto que é restrito a muitos brasileiros ainda. 
Como comentou um repórter e é  também a visão que eu tenho: o país pode ter o maior desenvolvimento econômico que for, no entanto se a educação for deixada de lado, como está acontecendo, esse crescimento cresce de forma vertical, favorecendo a indústria, os grandes empresários. Há uma propaganda, um incentivo ao consumo,  quem ganha com isso? Dessa forma não se cresce horizontalmente.
O verdadeiro desenvolvimento é aquele que cresce devagar, mas de forma ordenada, sustentável, favorecendo a saúde, a segurança, o combate as drogas, a vida, pois hoje não se respeita mais a vida, os valores se perderam, as pessoas compram compulsivamente e quem não consegue, mata e rouba, para o ter. Há uma política de consumo, incentivada pelos próprios governos muito perigosa que está condicionando as pessoas. 
Vai chegar um momento que o único prazer que o ser humano vai sentir, será o da hora da compra, adquirir, passar por cima de tudo e de todos para ter aquilo que a propaganda apresenta ou que o vizinho tem. Agora pensem, quantos brasileiros estudam, viajam, conhecem culturas, dentro do próprio país mesmo, compram um bom livro , vão ao cinema, ao teatro, alimentam a alma e o espírito de ser. Ser gente, estar com os amigos, conhecer pessoas, se interessar pelo problema do outro. Cada um só está pensando no que está podendo comprar e o outro que se dane. E tudo isso tem haver com a educação de um povo!
Portanto não podemos mais ficar esperando que algum político lute pela causa da educação. Mas nós podemos e devemos lutar, fiscalizando e exigindo nossos direitos. Acesse www.educarparacrescer.com.br e participe dessa campanha pelo verdadeiro desenvolvimento de uma nação que começa pela educação de qualidade!

  


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