Hoje me chamou a atenção alguns dados sobre empregos no Brasil. Aumentou o número de jovens entre 16 e 17 anos no mercado de trabalho e também empregaram-se mais mulheres e adultos da terceira idade que já estavam aposentados.
Vamos agora de encontro a dois índices brasileiros importantes para o desenvolvimento do País, da sociedade. No índice econômico mundial o Brasil ocupa o 6º lugar. Que maravilha. Podemos dizer que o numero de empregos reflete essa realidade. Outro índice é o de educação, o Brasil ocupa o 88º lugar, infelizmente. E o que tem haver esse índice com os dados que citei acima?
Em relação ao aumento do número de jovens entre 16 e 17 anos no mercado de trabalho, sabe-se que na atualidade os jovens estão deixando a escola antes de concluírem o ensino médio. Especialistas apontam alguns dos motivos que levam a essa realidade. O primeiro e que reflete nas pesquisas, os jovens abandonam os estudos para entrarem no mercado de trabalho. Essa escolha é economicamente resultado da necessidade, ou seja, as famílias não estão podendo manter esses jovens e atender as suas necessidades materiais e a opção muitas vezes é encaminhá-lo para esse mercado para ajudar nas despesas da casa. Por outro lado essa escolha tem haver com a cultura e os valores que este jovem está recebendo e se apropriando. Em uma série apresentada em um jornal local, sobre a questão da evasão escolar do ensino médio, educadores e especialistas pesquisaram sobre o desinteresse dos jovens pela escola. Os resultados apontaram a necessidade da escola se reformar, da revisão dos conteúdos e sua associação com a realidade. Isso é valido sim, mas envolvem outras questões, como a situação de trabalho dos profissionais da educação pública, em relação a valorização, mas isso é tema para outro texto.
Vamos nos concentrar na situação dos jovens. Esse estímulo não pode ser somente da escola. Se pararmos para analisar, a situação da educação de vários países em desenvolvimento, ou mesmo de forma mais específica dentro de nossas próprias escolas que já tem esse dados, qual a situação familiar dos alunos que continuam os estudos e dos que interrompem? Vamos descobrir que os alunos que tem uma tradição familiar, ou seja, onde a participação dos pais é mais frequente em suas vidas, onde discutem sobre valores, onde tem ligação com alguma cultura que valoriza as questões que dizem respeito a religiosidade, a natureza, a humanidade, o respeito, as tradições, o conhecimento e a valorização do ser, estes alunos terão menos problemas de ordem pedagógica e comportamental, e demonstrarão mais interesse pela construção do conhecimento. Eu posso falar isso por experiência, pessoal e profissional, sendo filha de professora, criada em uma família que sempre estimulou os estudos e frequentando uma escola pública, onde tive ótimos professores, numa época que não tinha acesso a internet, pesquisas eram feitas na biblioteca, conteúdos tradicionalmente repassados e nessa realidade, desenvolvi o gosto pela leitura, pela escrita, a curiosidade em explorar o conhecimento e desenvolvi meu potencial criativo. Vejam que a minha base familiar foi referencia para a minha formação e meu sucesso escolar. Naquela época chegávamos a escola com uma bagagem de atitudes, a maioria das crianças aprendiam a fazer a primeira leitura de mundo, de cultura, com a família, com os pais. Nos dias de hoje, nas escolas públicas e particulares, muitas crianças chegam até sem saber segurar o lápis, totalmente sem limites, sem cultura, com uma falta de respeito assustadora com o outro, com o professor e com o meio ambiente. E isso influencia também nas questões comportamentais e gera transtornos que vão prejudicar o aprendizado da criança e que pode interferir numa turma inteira, de alunos.
Mas na era da informação, pode existir esse tipo de situação? Sim, pode e existe, e são muitas crianças e adolescentes com essa característica. Quero alertar para um conceito: "Informação não é conhecimento". A informação só poderá ser transformada em conhecimento, à partir do momento em que o indivíduo, tiver uma relação mais estreita com essa informação. Sendo possível manipular, analisar, descrever com seu próprio ponto de vista e tornar essa informação útil para resolver problemas ou apontar dados para ele mesmo ou para outros indivíduos poderem se apropriar e construir novos conhecimentos.
E o que se percebe hoje é que as crianças estão abarrotadas de informações, mas que na maioria das vezes não sabem processar e analisar as informações realmente úteis para o seu desenvolvimento estudantil e pessoal. Considerando que as redes de comunicação, seja internet, TV, ... também estão cheias de informações pobres e inúteis. Com o único objetivo de distrair o indivíduo. Isso já entra em outra discussão.
O que quero me concentrar agora é relacionar, o jovem no mercado de trabalho, a mãe e o pai no mercado de trabalho, os valores e a escola. Está tudo associado, é como se fosse um ciclo que dá toda uma volta e chega no mesmo lugar. O leitor até aqui já pode fazer várias reflexões. Por que a economia cresce e a educação cai? O que está faltando nas famílias para estimular as crianças e os jovens ao gosto pela escola? Como os pais que muitas vezes mal sabem pra si podem `despertar nos filhos o gosto pelo conhecimento científico? Até que ponto as fontes de informação estão sendo úteis ao desenvolvimento de cidadãos mais críticos? Por que com tanta informação parece que está havendo um regresso na escola? O que a cultura de um povo, de um país, e os valores que essa cultura prega, tem haver com o rendimentos dos alunos na escola e o que tudo isso tem haver com o índice da educação Brasileira?
Vou responder somente a última questão: o péssimo resultado da educação brasileira é o reflexo de todos esse pontos que levantamos. Com base em todos esse pontos, vou associar duas questões: O jovem fora da escola e a mãe no mercado de trabalho. Qual a relação do desempenho escolar, com a base familiar e a mãe no mercado de trabalho, na maioria das vezes o pai e a mãe? Citei a mãe porque é a nova realidade da família brasileira, a mãe entrando no mercado e na maioria das vezes, quarenta horas por semana.
E agora essa resposta com outra pergunta, que envolve todas as questões citadas anteriormente. Onde estão essas crianças enquanto pai e mãe, ou outros membros responsáveis pela sua educação familiar, estão no mercado de trabalho? Nessa realidade a família está dando conta de ser a base para essa criança crescer de uma forma saudável e se tornar um cidadão participativo, preparado para enfrentar os desafios do mundo la fora, que já começa na escola? Baseado nos índices da educação brasileira, parece que além da escola a base familiar está com problema. Mas esta resposta você leitor vai dar pra si mesmo, como pai, mãe, profissional....Há necessidade, em meio a essa correria do mundo capitalista e consumista fazermos essa reflexão e quem sabe apontar caminhos para melhorar nosso índice de qualidade da educação brasileira, partindo da qualidade da educação familiar.
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